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Ansiedade

A ansiedade é uma resposta biológica e psicológica normal no ser humano, que surge em situações percebidas como ameaçadoras ou stressantes. Por exemplo, é normal sentir-se ansioso perante um exame, um diagnóstico de uma doença, uma separação, ir ao hospital ou a uma entrevista de emprego. A ansiedade pode até ser útil e positiva, permitindo-nos estar alerta preparados para lidar com novas situações.

Por exemplo, perante um prazo para entregar um relatório/trabalho, pode sentir-se ansioso. Mas este estado pode ajudá-lo a mobilizar para a ação, a ser produtivos, a tomar iniciativa! Se não se sentir minimamente ansioso, certamente não se irá dedicar o suficiente a esse relatório/trabalho, procrastinando, deixando o tempo passar...

A ansiedade manifesta-se no corpo, através de tensão muscular, dores de cabeça, batimento cardíaco acelerado, suores, náuseas e vómitos, sensação de falta de ar vontade de ir à casa de banho ou dificuldade em dormir. Mas também se manifesta a nível psicológico: nervosismo, irritabilidade, pensamentos negativos e desagradáveis, dificuldade de concentração e medo constante.

Habitualmente, quando a situação que causou ansiedade termina, é expectável que a ansiedade diminua e tenha tendência a desaparecer. No entanto, se o nível de ansiedade não baixar e se mantiver elevado por longos períodos de tempo, deixa de ser uma ansiedade "normal".

Quando a ansiedade é excessiva, o sobrecarrega e passa a ocorrer com elevada frequência e intensidade, quando passa a afetar o seu dia-a-dia e desempenho no trabalho, as relações, etc., deixa de ser adaptativa e passa a ser prejudicial. Nestes casos, é importante procurar um psicólogo de forma a ajudar a encontrar estratégias para lidar com a sua ansiedade.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

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Fobias

Uma fobia é um medo ou ansiedade excessivos relativos a um objeto ou situação, como por exemplo, fobia de animais, de alturas, de andar de avião ou de levar uma injeção. Nas fobias, este medo não é proporcional ao perigo real, chegando a ser até irracional. Ou seja, as pessoas com determinadas fobias muitas vezes não conseguem explicar o seu medo, mesmo sabendo que não há razões para o ter. Quando estão perante o estímulo temido, há uma reação imediata de ansiedade ou tentam evitá-lo ao máximo.

Vejamos o caso de uma pessoa com fobia a cães, por exemplo. Ao confrontar-se com um cão, esta pessoa fica muito ansiosa, mesmo que o cão pareça inofensivo ou esteja preso, e não represente qualquer perigo para si. Imediatamente, o seu instinto é fugir da situação o mais depressa possível! Ao fazer determinados percursos a pé, esta pessoa pensa previamente no caminho de forma a evitar passar por locais em que saiba que existam cães, mesmo que isso implique fazer um grande desvio! Só o facto de pensar em cães, de falar em cães numa conversa com amigos e na possibilidade de se encontrar com um na rua, a ansiedade dispara.

O que distingue um medo de uma fobia é o grau de ansiedade e sofrimento sentidos, bem como o grau de interferência na sua vida (profissional, social, pessoal), como por exemplo deixar de viajar, sair com os amigos ou ir a determinados locais devido à fobia.

As fobias podem ser a animais (ex. aranhas, insetos), ambientes naturais (ex. alturas, tempestades), sangue-injeção-ferimentos (ex. agulhas, injeções), situações (ex. elevadores, espaços fechados) ou outros estímulos.

Podem desenvolver-se a partir de situações traumáticas, como por exemplo, ser atacado e mordido por um cão. Podem também ter origem na observação de outras pessoas que passaram por situações traumáticas ou inesperadas (ex. ver alguém a ter um ataque de pânico num elevador) ou através da transmissão de informações, por outras pessoas ou pelos meios de comunicação. No entanto, a maioria das pessoas não consegue explicar como surgiu a sua fobia.

As fobias são muito comuns e existem intervenções eficazes para ajudar a superar estes medos. É importante dar-se uma oportunidade para enfrentar o seu medo, de forma gradual, e verá que aprenderá que a situação não é tão perigosa quanto pensa e aprenderá novas estratégias para lidar com os seus receios.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

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Depressão

A depressão é um dos problemas de saúde mental mais comuns no mundo. Em Portugal, cerca de 400 000 pessoas sofrem de depressão por ano! A depressão não é o mesmo que a tristeza, é uma doença, que pode durar semanas, meses ou até anos! A depressão não afeta apenas a mente ou o cérebro, mas o corpo todo, a forma como a pessoa come, dorme, se sente e pensa sobre as coisas.

Para o diagnóstico de depressão, devem estar presentes pelo menos cinco dos seguintes sintomas, durante um mínimo de duas semanas:

  • Humor depressivo na maior parte do dia;
  • Diminuição do interesse ou prazer na maior parte das atividades;
  • Diminuição ou aumento de peso ou apetite;
  • Insónia ou hipersónia (dificuldade em adormecer e/ou acordar com frequência a meio da noite, ou períodos de sono muito longos);
  • Agitação ou lentificação motora;
  • Fadiga ou perda de energia;
  • Sentimentos de inutilidade, desvalorização pessoal ou de culpa;
  • Dificuldade de concentração;
  • Pensamentos recorrentes sobre a morte, ideias ou tentativas de suicídio.

De um modo geral, a depressão resulta de uma interação entre a genética, fatores ambientais, acontecimentos de vida e a forma como cada pessoa reage a eles e outros fatores, não existindo assim uma causa específica para esta doença. Assim, a depressão pode afetar qualquer pessoa, independentemente do género, idade, nível de educação e estatuto socioeconómico.

A depressão não é "fita" nem "falta de força de vontade" e não se resolve com "pensamento positivo", nem basta a pessoa "reagir". A depressão é uma doença e tem cura! O primeiro passo é procurar ajuda, e quanto mais cedo mais fácil será a recuperação. A intervenção pode combinar psicoterapia e intervenção farmacológica.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

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Cleptomania

A cleptomania é uma perturbação caracterizada pela constante dificuldade em resistir aos impulsos de roubar objetos dispensáveis para uso pessoal ou com pouco valor monetário. É distinto do ato de roubar, que é deliberado e está relacionado com valores monetários elevados e com a utilidade dos itens furtados. Esta perturbação não depende da condição socioeconómica da pessoa, sendo que pessoas com elevados recursos financeiros podem ter cleptomania.

As pessoas com esta condição sentem uma tensão crescente antes de cometer o roubo e sentem alívio ou prazer quando no momento do furto. É de salientar que este ato não é explicado por vingança ou para expressar raiva, nem fruto de um delírio ou alucinação.

As pessoas com cleptomania não costumam planear com antecedência estes atos nem têm ajuda de outras pessoas. Normalmente, tentam resistir ao impulso de roubar, têm noção de que esse comportamento é errado e sentem-se culpados ou até deprimidos após o fazer. Por vezes, os objetos roubados são devolvidos discretamente ou doados.

A cleptomania é pouco comum e é mais frequente observar-se em mulheres do que em homens. Esta perturbação gera muito sofrimento, além das possíveis consequências legais, familiares, profissionais e/ou pessoais. Muitas vezes, a procura de ajuda profissional é adiada por vergonha e embaraço, no entanto é importante recorrer à intervenção psicoterapêutica para ultrapassar os sentimentos de culpa e aprender a controlar o impulso e os atos de roubar.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.


Ataques de Pânico

Um ataque de pânico é uma sensação abruta e intensa de medo e desconforto que se manifesta através de vários sintomas físicos: batimento cardíaco acelerado, suores, tremores, dificuldade em respirar, dor no peito, sensação de tontura ou desmaio e sensações de formigueiro. Adicionalmente, são acompanhados por pensamentos como "vou perder o controlo", "estou a enlouquecer", "vou morrer".

Um ataque de pânico em si não constitui uma doença ou perturbação de saúde. Existem pessoas que têm um ou dois episódios de ataques de pânico ao longo da vida, por exemplo em períodos de maior stress e ansiedade, e não desenvolvem nenhum problema. No entanto, é muito comum ocorrerem ataques de pânico no contexto de várias perturbações de ansiedade, depressivas, alimentares ou de personalidade.  

Existem dois tipos de ataques de pânico. Quando eles ocorrem em situações muito semelhantes, em que parece existir um fator que os desencadeia, são ataques de pânico esperados. Por exemplo, uma pessoa com fobia de andar em transportes públicos, que tenha ataques de pânico sempre que entra num autocarro ou comboio, tem ataques de pânico esperados. Por outro lado, os ataques de pânico inesperados ocorrem sem que haja um desencadeante claro (por exemplo, quando ocorrem durante a noite enquanto se está a dormir ou enquanto está a caminhar ou no trabalho, sem ter acontecido ou pensado em nada em específico).

Quando começam a ocorrer ataques de pânico inesperados e de forma recorrente, podemos estar perante uma perturbação de pânico. As pessoas passam a ter uma preocupação constante com a possibilidade de vir a ter novos ataques de pânico ou com as suas possíveis consequências de tal forma que podem mudar o seu dia-a-dia de forma desadaptativa. Por exemplo, é muito comum as pessoas com esta perturbação passarem a evitar locais onde já tiveram ataques de pânico anteriormente e até locais que não conheçam.

É muito difícil lidar sozinho com os ataques de pânico. Existem tratamentos eficazes, que incluem psicoterapia e recurso a medicação se necessário, que consistem em aprender estratégias para reduzir e gerir a nossa ansiedade e assim retomar o dia-a-dia com normalidade.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

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Disforia de género

Inicialmente, é importante definir os conceitos de sexo e género. Sexo é atribuído através dos indicadores biológicos de masculino ou feminino (como os órgãos genitais, hormonas, gónadas). O género, por sua vez, corresponde à construção social do papel de menino e menina, de homem e mulher, definido de acordo com o sexo masculino ou feminino. Assim, surge o conceito de identidade de género, uma construção social que pressupõe que ser do sexo feminino ou masculino acarreta determinadas expetativas e papéis do ponto de vista social e cultural.

No entanto, existem pessoas que sentem que não se encaixam nestes "rótulos" binários, cuja identidade de género está em desacordo com o seu sexo e com o que seria socialmente esperado. Muitas vezes, este desfasamento pode levar a um intenso sofrimento físico e psicológico, o que se designa então por disforia de género. Mas atenção! A disforia de género não constitui em si uma doença mental ou uma perturbação do desenvolvimento!

Este desfasamento causa um sofrimento clinicamente significativo, juntamente com as dificuldades específicas pelas quais passam, desde a necessidade de adequar os papéis sociais e o próprio corpo à sua identidade, lidar com o estigma e a discriminação, muitas vezes também por parte da família e dos amigos, pelo que as pessoas com disforia de género têm um elevado risco para ter problemas de ansiedade, depressão, isolamento social e suicídio. 

Pode manifestar-se em diferentes idades e de diferentes formas. Por exemplo, algumas meninas podem dizer que querem ser meninos quando crescerem, preferem usar cortes de cabelos tipicamente masculinos, mostram reações negativas a utilizar roupas femininas como vestidos, e na puberdade tentar esconder os seios, usando roupas largas.

A disforia de género torna-se então o principal motivo para a transição de sexo, por tratamento hormonal e cirurgia genital. O acompanhamento psicológico é de grande importância pois permite a avaliação e tratamento de doenças comórbidas, como depressão ou ansiedade, pode ajudar a lidar com os efeitos negativos do estigma e ainda promover o suporte social, a mudança e aceitação.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

Ordem dos Psicólogos Portugueses (2017), Guia Orientador da Intervenção Psicológica Com Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans


Perturbação da Personalidade Obsessivo-compulsiva

Quando existe um padrão excessivo de perfecionismo e controlo, preocupação com organização e ordem e dificuldade em cometer ou aceitar erros ou falhas, que cause alguma disfunção e sofrimento significativo, estamos perante uma Perturbação da Personalidade Obsessivo-Compulsiva. Esta é diagnosticada quando estão presentes pelo menos quatro das seguintes características:

  • Preocupação excessiva com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários, chegando a um ponto em que o objetivo principal da tarefa é perdido;
  • Perfecionismo extremo e padrões elevados de desempenho que interferem com a conclusão de uma atividade;
  • Dedicação excessiva ao trabalho, excluindo atividades de lazer e relações sociais. Quando de facto se envolvem em atividades sociais ou de lazer, há um desconforto ou então um foco no desempenho e na organização;
  • Consciência e inflexibilidade excessivas relativamente a valores, regras, moral, ética ou religião, manifestando ansiedade e crítica quando alguma destas é desrespeitada por si ou por outros;
  • Dificuldade em libertar-se de objetos usados, sem utilidade ou sem valor sentimental;
  • Dificuldade em delegar trabalho ou trabalhar em equipa, pois existe a crença de que as outras pessoas não conseguem fazer as coisas tão bem quanto o próprio;
  • Acreditar que os custos devem ser controlados para eventuais necessidades e catástrofes futuras, evitando gastos consigo e com os outros;
  • Rigidez, teimosia e dificuldade em reconhecer os pontos de vista dos outros.

A nível relacional, pessoas com esta perturbação têm dificuldade em expressas as suas emoções, especialmente sentimentos amorosos, e manifestam-se de forma muito controlada e artificial. Encaram as relações interpessoais de forma séria e formal e podem sentir desconforto na presença de outras pessoas que se expressam de forma emotiva. Adicionalmente, podem sentir raiva em situações que não conseguem controlar, embora não a manifestem de forma direta.

A intervenção psicoterapêutica é muito importante e pode incluir técnicas de relaxamento, para ajudar a lidar com situações ansiógenas, modificação de crenças associadas ao perfecionismo e às emoções, e ainda a definição de objetivos e das suas prioridades.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

Millon, T., Millon, C. M., Meagher, S. E., Grossman, S. D., & Ramnath, R. (2012). Personality disorders in modern life. John Wiley & Sons. 


Hipocondria

A perturbação de ansiedade de doença, mais conhecida por hipocondria, é caracterizada por uma preocupação constante com o próprio estado de saúde e em ter ou contrair doenças graves.

Existe um elevado grau de ansiedade em relação à saúde e hipervigilância a qualquer sintoma ou alteração física que possa surgir. Normalmente, ocorre uma interpretação errónea de sintomas que são normais (como por exemplo, um batimento cardíaco acelerado após uma corrida) ou de intensidade apenas leve. Uma pessoa com hipocondria pode, por exemplo, interpretar ruídos intestinais normais como sinal de um cancro. 

É comum pessoas com hipocondria recorrerem frequentemente a cuidados médicos, incluindo consultas e realização de exames, numa tentativa de justificar a sua preocupação e diagnosticar a doença. No entanto, o facto de os resultados dos exames serem negativos e de serem tranquilizadas pelos médicos não alivia as suas preocupações, podendo até aumentá-las.

A doença assume um papel de destaque na vida da pessoa: é um assunto frequente nas conversas com os outros, interfere no seu dia-a-dia (por exemplo, a nível profissional, devido a faltas ou idas constantes ao médico), diminui a qualidade de vida, podendo resultar em invalidez.

Existem alguns fatores que estão associados ao desenvolvimento desta perturbação, desde história de doença grave na infância, presença da doença temida em familiar e fatores genéticos. Os fatores socioculturais podem também ter um papel preponderante pois atualmente há um fácil acesso e divulgação da informação na internet e nos meios de comunicação sobre doenças.

A intervenção profissional é essencial, sendo importante uma boa relação terapêutica, a alteração da interpretação dos sintomas e da forma de reagir a estes, a melhoria das relações sociais bem como da qualidade de vida.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

https://www.saudecuf.pt/mais-saude/doencas-a-z/hipocondria


Perturbação de acumulação

Existem pessoas com uma dificuldade acentuada em se desfazer de determinados objetos ou pertences que acumulam, independentemente do seu valor real, tendo sofrimento associado quando há uma tentativa de descartar algum item. Muitas vezes, atingem um ponto em que zonas de passagem e de estar na habitação se encontram obstruídas, e assim impedidas de utilizar, e em que a saúde, a segurança e a qualidade de vida ficam comprometidas. Por exemplo, pode não existir espaço para sentar-se no sofá, dormir na cama ou preparar uma refeição na cozinha. Esta condição designa-se por perturbação de acumulação.

Esta perturbação distingue-se de ser colecionador, pois estes possuem uma organização e especificidade nas suas coleções e isso não interfere de forma significativa no seu funcionamento pessoal e/ou profissional.

Os principais motivos que estão na origem da acumulação excessiva prendem-se com a utilidade percebida dos objetos, o seu valor estético ou a preocupação em perder informações importantes. É mais frequente em pessoas mais velhas e que pessoas que apresentam características como indecisão, perfeccionismo, procrastinação, dificuldade em fazer planos e organizar tarefas.

Uma das dificuldades na intervenção é o facto de frequentemente não existir noção da interferência e do impacto da acumulação e isso ser percetível apenas por pessoas externas (como familiares ou amigos). Para além disto, as pessoas podem sentir vergonha da sua situação e assim evitar procurar ajuda profissional. O tratamento psicoterapêutico para a perturbação de acumulação tem como objetivos motivar para a mudança, modificar as crenças relativamente aos objetos e à acumulação, promover a tomada de decisão e competências de resolução de problemas.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

https://www.oficinadepsicologia.com/perturbacao-de-acumulacao/

Perturbação da Personalidade Histriónica

A principal característica da perturbação da personalidade histriónica é a emocionalidade excessiva e a constante procura de atenção. Normalmente, pessoas com esta perturbação são descritas como exageradas, autocentradas, impulsivas, facilmente influenciáveis e sedutoras. A sua interação com os outros é marcada por constantes interrupções ou redireccionamento do foco para si próprio, podendo sentir raiva, inveja ou sentimentos depressivos quando isso não acontece. Esta forma de expressão é visível também, por exemplo, na forma de vestir, no corte de cabelo ou na maquilhagem.

Esta perturbação é mais frequente nas mulheres e tem uma prevalência de cerca de 2% na população geral. Surge no início da vida adulta e leva ao desenvolvimento de traços inflexíveis e rígidos da personalidade, que causam sofrimento e impactam o dia-a-dia. É diagnosticada quando estão presentes pelo menos 5 dos seguintes critérios:

  • Desconforto em situações em que não é o centro das atenções;
  • Interação social caracterizada por comportamento sexualmente sedutor inadequado ou provocativo;
  • Exibir mudanças rápidas e expressão superficial das emoções;
  • Utilizar a aparência física para atrair a atenção para si;
  • Ter um estilo de discurso pouco detalhado e demasiado impressionista;
  • Ser dramático, teatral e exagerado na expressão das emoções;
  • Ser facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias;
  • Considerar as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são.

A psicoterapia pretende modificar os antigos padrões de interação, ajudando a desenvolver uma identidade pessoal, que vá além das relações sociais estabelecidas, e promover o desenvolvimento da autoestima. São ainda utilizadas estratégias para desenvolver competências como assertividade, escuta ativa e estabelecimento de objetivos.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

Millon, T., Millon, C. M., Meagher, S. E., Grossman, S. D., & Ramnath, R. (2012). Personality disorders in modern life. John Wiley & Sons.


Perturbação de Personalidade Dependente

Preocupação central: Manter/perder a relação.

Afetos centrais: Prazer quando vinculado(a) de forma segura; tristeza e medo quando sozinho(a).

A personalidade dependente caracteriza-se por uma forte necessidade em se sentir cuidado, protegido e próximo dos outros. Tem uma grande dificuldade em sentir-se autónomo, só e vulnerável. Quando se sente desta forma, surge um caos interior e uma enorme angústia. Torna-se difícil levar a sua vida para a frente e cuidar de si próprio(a) sozinho(a). Por isso, rapidamente tende a procurar alguém que o possa apoiar e proteger. Não consegue viver na solidão, como se as coisas não fizessem sentido sem alguém que possa cuidar de si, garantir-lhe segurança. Assim nasce o desejo e a procura constante de um companheiro(a) que saiba lidar melhor com a vida e que o(a) possa proteger. Quando esta pessoa surge, ela é tão importante para si que não se importa de abdicar dos seus sonhos, desejos e necessidades para que ela goste de si e fique por perto. Esta pessoa é, geralmente, idealizada, reveste-se de uma enorme importância e praticamente não tem defeitos - é a pessoa ideal.

Cria laços fortes  com as pessoas de quem é próximo(a). Se por um lado pensa que seria saudável ser mais independente, ao mesmo tempo pode recear que quanto mais autónomo(a) se tornar, maior seja a probabilidade de ser abandonado. Envolve-se muitas vezes em relações que lhe trazem sofrimento, tenta agradar ao outro e esquece-se de si, pode até  ser incongruente com os seus próprios valores.

Quando uma destas relações termina, é como se a sua vida deixasse de ter sentido, ou já não existissem mais motivos para viver sem a presença do outro, apesar do desgosto ao fim de algum tempo tende a procurar uma nova relação, passa por períodos de grande instabilidade relacional. Tem uma grande dificuldade em tomar decisões por si só, procurando constantemente segundas opiniões e conselhos das pessoas que o rodeiam. Geralmente tem uma baixa autoestima, acha que os outros são melhores que ele/a.

Uma necessidade invasiva e excessiva de ser cuidado, que leva a um comportamento submisso e aderente e a temores de separação, que começa no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos, indicado por pelo menos cinco dos seguintes critérios:

  1. Dificuldade em tomar decisões sem um excessivo aconselhamento e tranquilização pelos outros;
  2. Necessidade de transferir as responsabilidades para os outros na maior parte das áreas importantes da sua vida;
  3. Dificuldade em discordar dos outros por medo de perder suporte ou aprovação;
  4. Dificuldade em iniciar projectos ou fazer coisas por sua conta (pela ausência de confiança nas suas capacidades, em vez de ausências de motivação ou energia);
  5. Entrega-se a excessos para obter cuidados e apoios dos outros, ao ponto de se oferecer como voluntário para tarefas desagradáveis;
  6. Sentimentos de desconforto e desamparo quando sozinho, por medo exagerado de ser incapazes de cuidar de si próprio;
  7. Procura urgente de outras relações, em substituição de alguma relação íntima terminada;
  8. Preocupações irreais com o medo de ficar entregue a si próprio.

A origem destes traços de personalidade tende a situar-se nas relações precoces que a criança estabelece com o mundo desde pequena. Sendo muito provável que em criança tenha desenvolvido a crença de que não conseguiria sobreviver sem a proteção dos outros e procura constantemente ajuda dos outros. Apesar de ser diagnosticado com maior frequência em mulheres, as diferenças entre género não são significativas. A sua prevalência entre homens e mulheres é semelhante. 

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

Millon, Theodore (2004), "Personality Disorders in Modern Life", 2ed, John Wiley & Sons.

Perturbação de Personalidade Narcísica

A prevalência desta perturbação é inferior a 1% na população em geral, mas chega aos 16% dentro dos doentes psiquiátricos. Alguns estudos indicam que é mais frequente entre pessoas de educação superior ou em grupos profissionais de destaque social. Sendo mais prevalente no sexo masculino (50 a 75%) do que no sexo feminino. Isto poderá ser explicado de uma forma evolutiva, uma vez que o sexo masculino tende a ser orientado para o "self", pois a competição pelos recursos reprodutivos maximiza as vantagens de transmissão dos seus genes (agir de modo egocêntrico e insensível). Por sua vez o sexo feminino é  orientado para o objecto (amor, altruísmo, intimidade, confiança e cooperação), as suas competências na prestação de cuidados e protecção da sua descendência.

O termo narcisismo tem as suas origens no clássico mito grego de Narciso, um jovem belo, confinado pelos deuses a nunca se conhecer a si mesmo e condenado a um amor impossível de consumar. Despertava o amor das jovens gregas e das ninfas, mas era arrogante e desprezava-as, tratando-as com indiferença. Certo dia, Narciso aproximou-se de um lago e apaixonou-se pela sua própria imagem ao vê-la reflectida na água, lançou-se ao lago para se unir aquele por quem se apaixonara - ele próprio. Daqui surge o termo de personalidade narcísica.

Apresenta os seguintes critérios de diagnóstico:

Um padrão invasivo de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, indicado por pelo menos cinco dos seguintes critérios:

  1. Sentimento grandioso da própria importância (exagera realizações e talentos, espera ser reconhecido como superior sem realizações comensuráveis);
  2. Preocupação com fantasias de ilimitado sucesso, poder, inteligência, beleza ou amor ideal;
  3. Crença de ser "especial" e único e de que somente pode ser compreendido ou deve associar-se a outras pessoas (ou instituições) especiais ou de condição elevada;
  4. Exigência de admiração excessiva;
  5. Sentimento de intitulação, ou seja, possui expectativas irracionais de receber um tratamento especialmente favorável ou obediência automática às suas expectativas;
  6. É explorador em relacionamentos interpessoais, isto é, tira vantagem de outros para atingir seus próprios objetivos;
  7. Ausência de empatia: relutante em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e necessidades alheias;
  8. Frequentemente sente inveja de outras pessoas ou acredita ser alvo da inveja alheia;
  9. Comportamentos e atitudes arrogantes e insolentes.

Estes traços de personalidade, geralmente, são consequências das relações estabelecidas na infância. Por exemplo: ter sido privado(a) de algo que era um direito seu - receber afecto, carinho e valorização. Provavelmente era solitário(a), podendo ter crescido com adultos que lhe davam muita atenção mas não lhe demonstravam tanto afecto, não estabeleciam limites e pareciam, de alguma forma, manipulá-lo(a), só aprovavam o seu comportamento sob determinadas condições e apesar de lhe dizerem que era especial, também o(a) desvalorizavam em muitas outras situações. Isso poderá ter contribuído para a forma como se começou a percepcionar a si próprio e a percepcionar o mundo e os outros.

A experiência interna subjetiva das pessoas narcísicas é o sentimento de vazio e ausência de sentido, que requer infusões frequentes de confirmação externa da importância e do valor delas próprias enquanto pessoas. Quando conseguem este objetivo, através de estatuto, admiração, riqueza e sucesso, sentem como que uma elevação interna, comportando-se frequentemente de forma grandiosa e tratando os outros (especialmente aqueles percebidos como pertencendo a um estatuto inferior) com desprezo. Quando o ambiente não consegue corresponder a estas necessidades de validação, a pessoa narcísica sente-se tipicamente deprimida, envergonhada e invejosa daqueles que conseguiram os recursos que a elas lhes falta. São pessoas que sofrem de uma grande dificuldade em sentir prazer no trabalho e na vida amorosa.

O narcisista revê a sua história pessoal amplificando os sucessos e minimizando ou transformando as falhas num esforço de proteger uma auto-estima vulnerável. O futuro fornece ao narcisista uma oportunidade de glória, e a reconstrução do passado fornece a continuidade pela qual a fantasia de brilho e sucesso pode ter base substancial.


Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

Millon, Theodore (2004), "Personality Disorders in Modern Life", 2ed, John Wiley & Sons.


Perturbação de Personalidade Paranóide

A perturbação de personalidade paranóide pode ser considerada das mais graves perturbações de personalidade. Algumas pessoas podem apresentar um alto nível de funcionamento social, contudo raramente procuram ajuda, pois tem dificuldades em confiar.

Esta perturbação poderá dar os primeiros sinais durante a infância/adolescência, deve-se ter especial atenção: comportamentos de solidão e maus relacionamentos com os colegas, ansiedade social, baixo rendimento escolar, hipersensibilidade, pensamentos e linguagem peculiares. É mais frequente nos homens do que nas mulheres.

Sinais

Estão sempre vigilantes, acreditam que os outros estão constantemente a tentar rebaixar, prejudicar ou ameaçá-los. Estas ideias geralmente infundadas, bem como os hábitos de culpa e desconfiança, interferem na sua capacidade de formar relacionamentos. Assim as pessoas com esta perturbação:

  • Tem duvidas sobre o compromisso, lealdade dos outro, acreditam que os outros estão a usa-las ou engana-las;
  • São relutantes em confiar nos outros ou partilhar informações pessoais, tem receio que as informações possam vir a ser usadas contra elas;
  • São implacáveis e guardam rancores;
  • São hipersensíveis e recebem mal as críticas;
  • Vêem significados ocultos nas observações inocentes;
  • Acham que estão a ser sempre atacadas e reagem com raiva, são rápidas a retaliar;
  • Tem suspeitas recorrentes, sem razão, que os seus cônjuges são infiéis;
  • São geralmente frias e distantes nas relações com os outros, tornam-se controladoras e ciumentas;
  • Acreditam que têm sempre razão;
  • Tem dificuldade em relaxar;
  • São hostis, teimosas, e argumentativas

Deste modo, pessoas com esta perturbação, tem a necessidade de ser auto-suficientes e independentes, bem como de exercer controlo sobre o ambiente. Retratam-se como sensíveis, ciumentas, ofendem-se e irritam-se com facilidade, levam a sério tudo o que acontece e que é dito ou feito.

A psicoterapia individual é a melhor forma de se  criar um espaço para que a pessoa se sinta segura, compreendida e ajudada na procura de um maior alívio para as suas dificuldades. Assim, adquire maior grau de liberdade e bem-estar na sua vida ao mesmo tempo que aprende a gerir, reduzir ou estabilizar as suas vulnerabilidades e fragilidades.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

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https://medlineplus.gov/ency/article/000938.htm

https://www.webmd.com/mental-health/default.htm



Doenças Psicossomáticas

Quando a boca cala... O corpo fala!

As doenças psicossomáticas são determinadas, agravadas ou desencadeadas por razões emocionais.  Diante de um problema, as pessoas experimentam sentimentos de angústia, preocupação, medo, e tensão.

As alterações clínicas são detectáveis por exames, o corpo da pessoa apresenta danos físicos. É uma doença orgânica, mas com causa psicológica. Em situações de forte stress emocional o corpo reage informando que algo não está bem.

Os principais sintomas manifestados pelo corpo, devido a doenças psicossomáticas são:

  • Batimentos cardíacos acelerados;
  • Tremores;
  • Respiração rápida;
  • Suor frio ou excessivo;
  • Boca seca;
  • Enjoos;
  • Dor no estômago;
  • Sensação de nó e dor no peito;
  • Dor nas costas e na cabeça;
  • Manchas vermelhas ou roxas na pele.

Em alguns casos, os sintomas são tão intensos que podem simular doenças graves, como enfartes, AVC´s ou convulsões, por exemplo, e necessitam de um tratamento rápido e adequando.

Qualquer pessoa pode desenvolver uma doença psicossomática, deve estar atento ao aparecimento destes sinais, principalmente pessoas que:

  • Têm muito stress e cobranças no trabalho;
  • Passaram por traumas ou acontecimentos marcantes;
  • Não conversam sobre seus sentimentos e guardam-os para si;
  • Sofrem muita pressão psicológica ou bullying;
  • Pessoas depressivas ou ansiosas que não procuram tratamento.

Quando suspeita que algum sintoma possa ser psicossomático deve ir ao medico, realizar exames que coloquem de parte as outras doenças, deve também procurar um psicólogo e um psiquiatra.

Bibliografia: Ogden, J. (2004). Psicologia da Saúde. Lisboa: Climepsi

Epilepsia

A epilepsia é uma doença do sistema nervoso, manifesta-se através de crises epilépticas, que são descargas anormais e excessivas das células cerebrais.

É uma das patologias neurológicas crónicas mais frequentes, o seu pico de manifestação é nos primeiros anos de vida e na terceira idade. Cerca de 1% da população mundial sofre de epilepsia e tem múltiplas formas de apresentação, de repercussões físicas e cognitivas.

Os ataques epilépticos caracterizam-se, pela apresentação de fenómenos súbitos e transitórios, podem assumir a forma de:

  • Alteração da consciência;
  • Movimentos musculares involuntários;
  • Movimentos automáticos;
  • Alterações da sensibilidade e ao nível dos restantes sentidos.
Existem dois tipos de apresentação:
  1. Crise epilética generalizada: envolve todo o cérebro e provoca perturbação do estado de consciência.
  2. Crise epilética parcial: afeta apenas uma parte do cérebro e há, normalmente consciência.
Há fatores que podem desencadear uma crise epilética e devem ser evitados, tais como:

- O stress;
- A privação de sono;
- A suspensão abrupta dos medicamentos;
- Febre e infeções;
- Hipoglicemias;
- Toma de determinados medicamentos (alguns antidepressivos e anestésicos, entre outros).

Como se deve atuar
  • Manter a calma;
  • Retirar os objetos à volta para que pessoa não se possa magoar;
  • Colocar uma proteção por baixo da cabeça da pessoa (um casaco, por exemplo);
  • Nunca tentar segurá-la (podem luxar uma articulação, por exemplo);
  • Não insira nada na boca da pessoa (podem partir um dente ou ser mordidos);
  • Não tente puxar a língua pelo risco de lesão grave dos seus próprios dedos;
  • Se a pessoa ceder, tentar colocá-la na posição lateral de segurança;
  • Permaneca com a pessoa até que ela recupere os sentidos;
  • Cronometrar a duração da crise e se esta for além dos cinco minutos, ligar para o 112.

No tratamento da epilespia recorre-se rmacos antiepiléticos, com o objetivo de tentar eliminar a ocorrência das crises com o mínimo de efeitos secundários. Também é importante frequentar grupos de apoio,  um vez que estes permitem compartilhar ideias, expressar sentimentos e trocar experiências com outras pessoas que vivem situações similares. Pacientes com epilepsia apresentam isolamento social, dificuldades nos relacionamentos sociais, no trabalho, na escola, no lazer e até nas atividades de vida diária.

A epilepsia é uma condição que afeta o bem-estar biopsicossocial, ou seja, afeta a vida do paciente como um todo.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

Simon D. Shorvon. Classificação etiológica da epilepsia. Epilepsia, 52(6):1052-1057, 2011. UCL Institute of Neurology, University College London, Queen Square, London, United Kingdom. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1528-1167.2011.03041.x/pdf

https://www.epilepsia.pt/

                      Perturbação Obsessivo-Compulsiva

Esta perturbação caracteriza-se pela presença no indivíduo de obsessões, compulsões ou ambas. Tem início em regra na adolescência ou no início da vida adulta, na maior parte dos casos surge antes dos 25 anos.

Cerca de um quarto dos casos começam pelos 14 anos. Geralmente nos homens surge mais cedo do que nas mulheres

As obsessões caracterizadas como pensamentos, impulsos ou representações recorrentes que são sentidos como intrusivos, inapropriados e que causam forte ansiedade e mal-estar. O sujeito esforça-se por ignorar ou neutralizar através de outros pensamentos ou ações. As obsessões, podem ser categorizadas, por (ordem decrescente de frequência): contaminação e sujidade; dúvida patológica; somáticas; ordem e simetria; agressão; sexo e religião.

As compulsões são comportamentos repetitivos (lavar as mãos, ordenar de objetos, verificações) ou atos mentais (rezar, contar, repetir palavras mentalmente), que o sujeito se sente impelido a realizar em resposta a uma obsessão ou segundo determinadas regras que têm de ser aplicadas de forma inflexível. Estes comportamentos ou atos mentais destinam-se a neutralizar ou diminuir a sensação de mal-estar ou a impedir um acontecimento ou uma situação temida. As compulsões mais frequentes, são: verificação (63%); lavagem (50%); contagem (36%); necessidade de perguntar/confessar (31%); simetria e precisão (28%); impulsos sexuais (26%); e, armazenar (18%).

As obsessões ou compulsões causam uma perda considerável de tempo (demoram mais de 1 hora por dia) ou interferem significativamente com as rotinas normais do indivíduo, funcionamento ocupacional (ou académico), relacionamentos ou atividades sociais.

Os indivíduos podem ficar deprimidos, desmoralizados, sentir ansiedade extrema, mal-estar e repugnância. Um outro tipo de comportamento que também pode fazer parte da doença é arrancar pelos das sobrancelhas ou cabelos (tricotilomania). Outra forma da doença é a preocupação excessiva com um defeito do corpo, que poderá ser mínimo, ou mesmo imaginado (dismorfofobia). Os sintomas podem ser a preocupação constante com ter uma doença grave (hipocondria).

Bibliografia: Macedo, A. & Pocinho F. (2007). Obsessões e Compulsões - as múltiplas faces de uma doença. 2ªedição. Coimbra: Quarteto.

American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

Graziani, P. (2005). Ansiedade e perturbações da ansiedade. Lisboa: Climepsi Editores.

A Perturbação Obsessivo-Compulsiva pode ser tratada recorrendo a uma equipa multidisciplinar constituída por um médico (terapia farmacológica) e um psicólogo (psicoterapia). A Psicoterapia tem como objetivo a redução dos sintomas como também a aprendizagem de estratégias para lidar com obsessões e premências compulsivas no futuro. Deste modo, permite ao doente aprender a controlar a ansiedade provocada pelas obsessões sem recorrer às compulsões.

Se sente que está preso neste tipo de pensamentos e comportamentos e quer retomar o controlo da sua vida é importante que procure ajuda.

Fobia Social

É importante fazer uma distinção entre a fobia social e a timidez que é um comportamento não patológico, (por exemplo não usar da palavra num grupo), enquanto a fobia social é fonte de um intenso mal-estar; é evasiva e altera as escolhas afetivas, escolares e/ou profissionais.

O DSM-V define a fobia social como um medo irracional, persistente e intenso de uma ou várias situações sociais ou de desempenho, nas quais o sujeito está em contacto com pessoas não familiares ou exposto a uma possível avaliação por outras pessoas. O sujeito teme agir de forma a demonstrar os sintomas de ansiedade, que serão avaliados negativamente. A ideia de ser confrontado com tais situações, provoca uma significativa ansiedade antecipatória pelo receio de agir de forma humilhante ou embaraçosa. O medo intenso das situações sociais, leva o sujeito a evitá-las para não se deparar com uma situação ansiogénica. O medo, a ansiedade ou o evitamento geralmente duram mais que seis meses.

A fobia social pode ser caracterizada segundo três componentes que são aquilo que as pessoas sentem, pensam e fazem, ou seja existem sintomas físicos, sintomas cognitivos (pensamentos) e sintomas comportamentais. Deste modo os sintomas físicos mais frequentes são: palpitações, falta de ar ou respiração rápida, tonturas, dificuldades em engolir ou garganta seca, tremer das mãos, palmas das mãos ou dos pés transpiradas, dificuldades de concentração, músculos tensos. Os pensamentos ansiosos mais comuns são: "vou fazer má figura", "eu não posso mostrar que estou com medo", "se cometer um erro as pessoas vão-se rir de mim", as pessoas acham-me desinteressante". Por fim os comportamentos relacionados com a fobia social são: recusar um convite para sair, inventar desculpas para não estar com desconhecidos, evitar contacto ocular ou falar baixo em frente aos outros.

As situações de desempenho (falar em público, comer e beber em frente a outras pessoas, apresentar-se a um grupo de pessoas) e as situações interpessoais (ir a uma entrevista de emprego, falar com alguém que é percebido como mais autoritário, ou divertido, ou interessante, ou que de alguma forma colha maior reconhecimento social, conversar com pessoas do sexo oposto ) causam grande ansiedade e são temidas pelo sujeito.

Os doentes tendem a evitar o tratamento com medo da avaliação negativa por parte dos profissionais. Há investigações  que apontam para o fato dos sujeitos que mais necessitam de tratamento são os que menos a procuram, isso deve-se ao facto do sujeito poder ver a sua condição como intratável, como uma parte da sua personalidade (Ruscio, Brown, Chiu, Sareen, Stein & Kessler, 2008). O tratamento e a duração da terapia psicológica depende de cada caso.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

Graziani, P. (2005). Ansiedade e perturbações da ansiedade. Lisboa: Climepsi Editores.

Pinto, G. (2000). Ansiedade Social: da timidez à fobia social. Coimbra: Quarteto Editora.


Adolescência

A adolescência é um período de transição, devido às alterações cognitivas, biológicas, e sociais que ocorrem durante este período de tempo.

O adolescente sente prazer em manifestar os seus gostos e as suas preferências de forma exagerada. É uma fase cheia de dúvidas e instabilidade, que se caracteriza por intensa procura de si mesmo e da sua identidade, os padrões estabelecidos são questionados, bem como criticadas as escolhas de vida feitas pelos pais, procurando assim a autoafirmação e a liberdade.

As mudanças que ocorrem nesta fase provocam dúvidas incertezas inquietações e é necessário tempo para assimilar essas mudanças. Algumas vezes o adolescente não reconhece mais o seu corpo como seu, procura então comparar-se com outros e passa a questionar a sua própria identidade. O desenvolvimento da identidade é complexo, uma vez que a formação da identidade não se inicia, nem acaba com a adolescência, começa com o aparecimento da vinculação. A identidade pode não permanecer estável pelo resto da vida, pois esta para ser saudável deve ser flexível, adaptativa, e aberta às mudanças da sociedade.

Uma realização bem-sucedida da identidade conduz o indivíduo para a primeira tarefa da vida adulta: a intimidade. Para Erikson, a intimidade surge após a formação da identidade, ou seja, a identidade antecede a possibilidade de uma verdadeira intimidade com outra pessoa. Então é necessário adquirir a consciência do Eu para chegar à intimidade, que pode ser definida como: capacidade para estabelecer relações mútuas; tanto físicas como psicológicas, com outras pessoas, mesmo que elas imponham sacrifícios e compromissos significativos, surge num contexto multifacetado, e vai moldando a experiência de relacionamentos dos parceiros.

O grupo de amigos é uma fonte de afetos, de solidariedade e de compreensão. É onde os adolescentes a procuram autonomia a independência dos pais, é um local para formar relacionamentos íntimos, serve de ensaio para a intimidade adulta. Contudo, no final da adolescência, o jovem procura fazer opções dentro do grupo, escolhe as suas próprias ideias, escolhe um parceiro sexual e, lentamente vai abandonando o grupo.

Em síntese: A adolescência é por um lado, um tempo de trabalho de luto das figuras parentais (luto da infância); por outro, uma época da assunção da identidade própria e da escolha do objeto de amor.

Bibliografia: Matos, C. (2011). Adolescencia. Lisboa: Climepsi;

Norman, A.; Sprinthal, W.; Collins, A. (2003). Psicologia da Adolescente. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian;

Pinto, M. (2009). Intimidade em Adolescentes de Diferentes Grupos Étnicos. Lisboa: ACIDI_IPJ;

Sprinthall, W.; Collins, A. (2008). Psicologia do adolescente, uma abordagem desenvolvimentalista. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Stress

Sentir-se stressado é normal e nem sempre é mau. Pode surgir em situações felizes (como o início de um emprego novo ou ter um bebé) e/ou em situações menos positivas (como uma doença de um familiar).

Quando está stressado podem surgir reações físicas (como dores de cabeça, cansaço, dificuldades em dormir, fome ou falta de apetite), como também reações emocionais (sentir-se irritado, agressivo, deprimido, com receio de falhar e do futuro, perdendo o sentido de humor). Nestas situações é mais difícil tomar uma decisão e concentra-se.

As situações de stress podem ser duradoras (como o desemprego, problemas nas relações próximas), como também podem ser passageiras (como o trânsito, ou estar atrasado para um compromisso). Nas situações em que o stress é duradouro, este pode levar ao desenvolvimento de problemas de saúde psicológica.

O stress não é uma doença, no entanto pode contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde psicológica como a depressão ou a ansiedade. Nestes casos pode ser importante procurar alívio junto de um profissional, pois existem intervenções capazes de o ajudar a lidar com o stress.

Perturbações do Sono

O sono preenche aproximadamente um terço das nossas vidas e é fundamental para a nossa recuperação física e psíquica e para o nosso bem-estar. 

No entanto, por vezes confrontamo-nos com dificuldades em adormecer ou manter o sono durante a noite. Se estas dificuldades persistirem no tempo, podem dar origem às perturbações do sono. Estas perturbações caracterizam-se por queixas predominantes de insatisfação com a quantidade ou qualidade do sono. 

As perturbações do sono causam sofrimento e prejudicam largamente áreas importantes da vida da pessoa, como a vida familiar, social, profissional, educacional, comportamental ou em outras áreas importantes da vida da pessoa. Estas dificuldades no sono resultam em falta de energia, sintomatologia depressiva, ansiedade, irritabilidade , fadiga, instabilidade emocional, pior funcionamento cognitivo, queixas somáticas, entre outras.

As consequências dos distúrbios do sono estão fortemente relacionadas à qualidade de vida das pessoas, por exemplo, o desemprego, é fator de qualidade de vida que pode afetar a qualidade do sono de uma pessoa pois a preocupação presente nessa situação aumenta a demora no adormecer, bem como, são mais frequentes os despertares. Por outro lado, uma pessoa com distúrbio do sono provavelmente sofrerá consequências no trabalho devido à má qualidade do sono.  

O sofrimento clínico da pessoa que sofre de distúrbios do sono varia conforme as consequências vividas e a importância atribuída à área prejudicada. Nestes casos pode ser importante procurar alívio junto de um profissional especializado, pois existem intervenções capazes de o ajudar a lidar com a perturbação do sono para que possa encontrar alívio e restaurar o equilíbrio na sua vida.

Fonte: 1 2

Agressividade

Sentir-se zangado é uma resposta natural a situações em que se sente atacado insultado, enganado ou até frustrado. Pode, no entanto, nestas situações sentir a sua raiva como assustadora e que lhe é difícil lidar com ela de modo construtivo, sente-se "possuído" por algo que não controla. Em situações em que se sente zangado, o seu coração bate mais depressa, respira e reage mais rápido e nem sempre consegue pensar bem, fazendo com que por vezes, reage de uma maneira da qual se arrepende mais tarde (gritar, chamar nomes, bater em alguém, partir objetos).

Estar zangado não é um problema, a forma como lida com a zanga e raiva pode ser. A zanga torna-se um problema quando nos leva a magoar os outros ou a nós próprios; quando não expressamos a nossa raiva ou a expressamos de forma e em alturas desadequadas.

Se não consegue controlar e expressar a sua raiva e zanga de forma segura, isso pode ser um sinal da existência de um problema na sua saúde psicológica. Pode levar à depressão, ansiedade, dificuldades em dormir, adições, perturbações alimentares, comportamentos compulsivos ou doenças físicas.

Se sente que se zanga com facilidade e muito frequentemente, às vezes por "coisas pequenas", e que não é capaz de controlar a sua raiva, procure ajuda junto de um profissional especializado.

Fonte: 1

    Sexualidade

A saúde sexual é um estado de saúde física, emocional, mental e bem-estar social em relação à sexualidade. Assim, não é apenas a ausência de doença, disfunção ou enfermidade. A sexualidade é um aspeto central do ser humano ao longo da sua vida, englobando dimensões como sexo, identidade e papéis de género, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução.

A sexualidade é vivida e expressa em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos e relacionamentos, sendo influenciada pela interação entre fatores biológicos, psicológicos, sociais, económicos, políticos, jurídicos, históricos, religiosos e espirituais.

Se experiencia dificuldades na sua saúde sexual, como insatisfação sexual (disfunção sexual), dúvidas na vivência da sexualidade nas diferentes etapas do ciclo de vida, experiências sexuais prévias que prejudicam a vivência de uma sexualidade atual gratificante, problemas na comunicação com o parceiro sobre sexualidade, pode procurar ajuda junto de um profissional especializado. 

Fonte: 1, 2, 3, 4

Autoestima

    Todos nós temos uma opinião sobre nós próprios. É a forma como nos vemos a nós próprios que está na base da autoestima e que afeta a forma como nos sentimentos relativamente a nós próprios e como nos valorizamos. A autoestima não é estática nem fixa, as nossas crenças sobre nós próprios podem variar conforme a situação em que nos encontramos.

Quando temos uma boa autoestima conseguimos reconhecer os nossos pontos positivos, conseguimos com uma maior facilidade lidar com experiências negativas, como por exemplo, perder o emprego ou terminar uma relação. Sentimo-nos confiantes, não nos culpamos de tudo o que acontece, aceitamos errar e aprender com os erros, confiamos nos outros, cuidamos de nós próprios e conseguimos dizer 'não' quando é necessário. Mas ter uma boa autoestima não significa que somos confiantes em todas as situações.

Quando temos um baixa autoestima pensamos em nós próprios de forma negativa, apenas nos focamos nos nossos pontos fracos e nos erros que cometemos. Temos tendência a culpar-nos do que acontece, temos medo de correr riscos, deixamos os outros tomar decisões por nós. Não nos sentimos amados e podemos até achar que não merecemos que alguém goste de nós.

Assim, ter uma baixa autoestima pode interferir com a nossa vida do dia-a-dia, com a nossa capacidade de realizar o nosso potencial, podemos achar que não merecemos ser tratados com amor e respeito, evitamos atividades que nos possam expor ao julgamento dos outros, ou podemos achar que não somos suficientemente competentes e evitar tarefas ou cargos no nosso local de trabalho.

A baixa autoestima, por si só, não constitui um problema de saúde mental, mas pode afetar a nossa saúde mental, uma vez que diminui a nossa capacidade de lidar com as coisas menos boas da vida. Se sente que tem baixa autoestima e dificuldades em lidar com as coisas menos boas da sua vida procure ajuda junto de um profissional especializado.

Fonte: 1

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