EU E O MEU CORPO

Bulimia

A bulimia constitui uma perturbação do comportamento alimentar e é diagnosticada quando existem:

  • Episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva (isto é, comer uma elevada quantidade de comida num curto período de tempo), acompanhados por uma sensação de perda de controlo;
  • Comportamentos compensatórios inadequados de forma a evitar o aumento de peso (por exemplo, recorrer ao vómito, utilização de laxantes, exercício físico excessivo);
  • Ambos os comportamentos anteriores ocorrem pelo menos uma vez por semana, há pelo menos 3 meses;
  • A pessoa autoavalia-se indevidamente de acordo com o seu peso e imagem corporal.

A bulimia é considerada uma "perturbação silenciosa", pois é possível passar despercebida pelos amigos e familiares durante muito tempo. Por um lado, os episódios de ingestão ocorrem "às escondidas" e dão origem a sentimentos de vergonha e culpa, baixa autoestima. Para contrabalançar estes comportamentos e tentar evitar o aumento de peso, as pessoas com bulimia recorrem então a comportamentos inapropriados. Por outro lado, não existem grandes variações do peso corporal, o que também dificulta perceber que existe algum problema.

É possível identificar alguns sinais, como a obsessão com o peso e dietas, pensamentos sobre comida, irritabilidade, elevada autocrítica, baixa autoestima, isolamento social e alterações frequentes do humor. Para além de causar grande sofrimento psicológico, a bulimia também pode ter consequências físicas graves. O vómito recorrente, por exemplo, devido à sua acidez, provoca a deterioração dos dentes e inchaço das gengivas. Podem ocorrer alterações dermatológicas e gastrointestinais, entre outras.

Assim, a procura de tratamento profissional, por parte de uma equipa composta por psicólogo, nutricionista e médico, é muito importante para a recuperação bem como o acompanhamento e apoio familiar.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.


Anorexia Nervosa

A anorexia nervosa é uma perturbação alimentar caracterizada por uma distorção da imagem corporal, restrição da ingestão alimentar, recusa em manter um peso adequado à idade e fase de desenvolvimento, e medo de ganhar peso ou engordar. A anorexia nervosa é mais frequente no sexo feminino e durante a adolescência.

Atualmente, os padrões de beleza das sociedades modernas valorizam a magreza, associando-a também à saúde e ao sucesso, e estes padrões são constantemente reforçados pelos meios de comunicação. Muitas jovens internalizam a ideia de que para serem "aceitáveis" têm que ter o corpo perfeito. Isto constitui um grande fator que contribui para o desenvolvimento da anorexia nervosa. Para além disto, a anorexia nervosa também está associada com estilos parentais rígidos e caracterizados pela crítica, e a pessoas mais perfecionistas e com baixa autoestima. 

A anorexia nervosa manifesta-se através de uma grande preocupação com a imagem corporal. Esta preocupação, em vez de dissipar quando há perda de peso, vai aumentando, mesmo após atingir um estado de magreza extrema. Para controlar o peso, as pessoas com anorexia mantêm uma dieta muito rígida e restritiva. Muitas vezes, calculam ao pormenor as calorias ingeridas e planeiam rigorosamente as suas refeições. O seu dia-a-dia passa a girar em torno da alimentação, pensando constantemente em novas formas de perder peso ou novas dietas.

As consequências são muito prejudiciais, provocando alterações hormonais (as mulheres deixam de ter a menstruação), fraqueza, perda de cabelo, intolerância ao frio, anemia e frequentemente leva à depressão. Em casos muito extremos de desnutrição, todos os órgãos passam a ser afetados, colocando em risco a vida da pessoa.

O tratamento envolve uma equipa multidisciplinar, composta por um médico, um psicólogo e um nutricionista. Os primeiros objetivos consistem em atingir um peso adequado e seguro, bem como eliminar os comportamentos de restrição. Para além disso, a psicoterapia trabalha a identidade, a imagem corporal, e a relação com a comida e promove respostas mais adaptativas de regulação do humor e dos impulsos.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.


PICA

Denomina-se por Pica um quadro psicopatológico relacionado com a ingestão persistente de substâncias não nutritivas,  não alimentares (sabão, cabelo, terra, cola) por um período de pelo menos um mês. O seu diagnóstico pressupõe que o comportamento alimentar não faça parte de práticas culturalmente aceites ou de normas de conduta social.

Um fator de risco para o desenvolvimento da pica prende-se com fatores ambientais, presença de negligência, abandono,  bem como atraso de desenvolvimento. Esta perturbação pode aparecer nos dois sexos, comprometendo essencialmente o funcionamento físico. Conforme o tipo de substância ingerida, tem a sua classificação:

  • Terra e barro: Geofagia
  • Gelo: Pagofagia
  • Cabelos: Tricofagia
  • Pedras: Litofagia
  • Plantas: Foliofagia
  • Fezes: Coprofagia
  • Urina: Urofagia
  • Tintas: Plumbofagia
  • Madeira: Xilofagia

Como possíveis consequências deste quadro psicopatológico precoce as crianças apresentam: atrasos no desenvolvimento, intoxicações devido à substância que é ingerida, dores abdominais, anemia, envenenamentos, perfuração intestinal, entre outros. As perturbações alimentares acima descritas andam de mãos dadas com a depressão infantil e com dificuldades significativas ao nível da relação familiar, nomeadamente na díade mãe-bebé.

Desenvolvimento

Inicialmente, a Pica pode ocorrer na infância, na adolescência ou na idade adulta, embora seja mais frequente numa fase precoce da primeira infância. São, sobretudo, crianças deprimidas em cenários de violência, abandono e negligência. Também pode aparecer em crianças com desenvolvimento normal noutras áreas, enquanto nos adultos pode surgir no contexto de deficiência intelectual ou associada a outras perturbações: perturbações do foro intelectual, perturbação obsessivo-compulsiva, esquizofrenia ou outras perturbações do foro alimentar. A sua duração  pode ser grande e resultar em sérios problemas de saúde. 

Tratamento

O tratamento desta perturbação deve abranger uma equipa multidisciplinar, começar por um acompanhamento médico, no sentido de despistar eventuais problemas nutricionais ou de carências vitamínicas, bem como tratar os danos causados pelas ingestão de substâncias não nutritivas (intoxicações, infeções). Em termos de acompanhamento psicológico, é preciso intervir não só nos comportamentos alimentares disfuncionais, como também no ambiente que envolve o sujeito com Pica e na educação familiar.

Bibliografia: American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi.

https://www.nationaleatingdisorders.org/learn/by-eating-disorder/other/pica

Imagem Corporal

A imagem corporal está relacionada com aquilo que cada um sente e/ou pensa em relação ao seu corpo e à sua aparência, ou seja, é produto do pensamento e deve-se ter em conta fatores emocionais e sociais. Assim como o pensamento é mutável, a perceção da imagem corporal também o é, deste modo, as diversas situações do dia-a-dia vão modificando a própria imagem corporal e a dos outros (Schilder 1999).

As mulheres são quem mais se preocupa com a forma do corpo e têm maior predisposição para se envolverem em programas de dieta.

A imagem corporal é manipulada por diversos fatores, tais como a família, amigos e o próprio envelhecimento. Para Schilder (1999), a imagem corporal é constituída por 3 componentes:

  • fisiológica - faz parte da anatomia da pessoa (ossos, músculos, sistema hormonal e nervoso);
  • genética - engloba toda a estrutura afetiva da pessoa;
  • sociológica - onde se inclui os padrões sociais de beleza.

A imagem corporal é um fator mais de origem psicológica do que de origem física, afeta diretamente a autoestima do indivíduo. Também pode ser influenciada pela socialização, pelas experiências vivenciadas na infância e na adolescência, estas contribuem no modo como o indivíduo verá o seu corpo à medida que vai envelhecendo.

Um sentimento negativo com a imagem corporal, na maioria das vezes pode ser desencadeado por meio de dois mecanismos primários: comparação da aparência dos jovens entre si e a internalização de um modelo ideal de magreza (incutido pelos meios de comunicação social). Geralmente, indivíduos com alta insatisfação com a sua imagem corporal ficam mais propensos a desenvolverem perturbações alimentares, a praticarem dietas inadequadas e a abusarem do exercício.

Esse sentimento negativo com a sua imagem corporal, acarreta também outros problemas a nível psicológico tais como: ansiedade, baixa autoestima, depressão tendo também um impacto direto na qualidade de vida.

Nestas situações é importante a procura de ajuda junto de um profissional especializado, para que possa encontrar alívio no relacionamento com a sua imagem corporal.

Bibliografia: Fernandes S. (2006). Distúrbios de Atitudes Alimentares e sua Relação com a Distorção da Auto-Imagem Corporal em Atletas de Judo do Estado do Paraná. R da Educação Física / UEM.

Schilder, P. (1999). The Image and the Appearance of the Human Body.London: The Internacional Library of Psychology.

Tavares, M. (2003). Imagem Corporal: Conceito e Desenvolvimento. Barueri: Manole.

Obesidade

Do ponto de vista da distribuição da gordura, a obesidade pode ser:

Ginóide (em forma de pêra): caracteriza-se por um aumento da gordura da cintura para baixo. É a forma mais comum nas mulheres, tem menos risco cardiovascular mas está associada, muitas vezes, ao aparecimento de varizes e doenças das articulações.

Andróide (em forma de maçã): a gordura localiza-se na zona da cintura e zona superior do tronco. É mais frequente entre os homens e tem uma estreita relação com o aparecimento de diabetes, hipertensão, aterosclerose e o aumento de risco cardiovascular.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é definida como um acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal que pode atingir graus capazes de afetar a saúde, e é considerada uma doença crónica e de origem multifatorial.

Os estilos de vida, como por exemplo, a alimentação desequilibrada e a inatividade física, são fatores que podem influenciar a prevalência desta doença.

Num estudo realizado pela Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação, na população adulta (18-93 anos) concluiu que 38,2% das mulheres e 64,5% dos homens têm pré-obesidade e obesidade.

Quais os problemas causados pela obesidade?

- Problemas Físicos : A obesidade tem vindo a ser associada às doenças cardiovasculares, diabetes, traumatismo das articulações, dor nas costas, cancro, hipertensão, mortalidade. As consequências da obesidade estão relacionadas com a localização do excesso de peso; quando se situa na parte superior do corpo, particularmente abdómen, é mais prejudicial para a saúde do que na parte inferior.

- Problemas Psicológicos: A obsessão cultural hoje em dia em relação à magreza, a aversão à gordura, tanto nos adultos como nas crianças, e a censura aos indivíduos obesos, podem promover uma baixa autoestima e uma auto-imagem pobre nos indivíduos que não se coadunam com a imagem magra, estereotipadamente atraente. Como tal tendem a isolarem-se, uma vez que sentem-se incapazes de participar em determinadas atividades.

Medidas para Prevenir a Obesidade

1. Siga as proporções recomendadas pela Roda dos Alimentos;

2. Aprenda a conhecer os alimentos e os nutrimentos;

3. Coma cada 3 a 4 horas;

4. Mantenha uma actividade física regular;

5. Emagrecer e manter um peso saudável.


O tratamento é realizado por uma equipa multidisciplinar: um nutricionista (prescreve um plano alimentar adequado), um médico, um fisiologista (prescreve um plano de exercícios) e por um psicólogo (trabalha as variáveis psicológicas, ou seja, ajuda a pessoa a aprender a lidar com as suas angústias, para que não sinta necessidade de procurar refúgio na comida).

O acompanhamento psicológico permite à pessoa que sofre de obesidade compreender o seu comportamento e aprender estratégias para lidar com as suas problemáticas, desenvolvendo assim uma maior consciência de si próprio e consequentemente aumenta a qualidade de vida e o bem-estar emocional.

Bibliografia: Ogden, J. (2004). Psicologia da Saúde. Lisboa: Climepsi;

Reis, J. (2007). Obesidade uma Epidemia Global. Saúde em Revista, 34;

https://www.fpcardiologia.pt/saude-do-coracao/factores-de-risco/obesidade/

https://www.plataformacontraaobesidade.dgs.pt/PresentationLayer/conteudo.aspx?menuid=507&exmenuid=113&SelMenuId=507


Comportamento Alimentar

Contudo, se estas alterações se mantiverem num longo espaço de tempo, ou seja, se comer muito pouco ou em demasia, com muita frequência, pode desenvolver uma perturbação alimentar. Nestes casos a comida ganha uma importância diferente e pouco saudável assumindo por vezes um papel central nas atividades e rotinas diárias da pessoa - comer compulsivamente, privação de comida, etc. Este tipo de comportamento envolve também sentimentos dolorosos que causam sofrimento e que por vezes não são fáceis de exprimir ou resolver e que desviam a atenção daqueles que são os problemas causadores e que originaram as alterações no comportamento alimentar.

Os hábitos alimentares variam de pessoa para pessoa e são influenciados pela forma como nos sentimos (em stress, ansioso/a, em sofrimento, sob pressão). Desta forma, é comum a perda de apetite, comer mais, não ser capaz de comer, ou querer muito comer um alimento em especial. Estas alterações têm tendência a desaparecer quando recuperamos o equilíbrio do nosso estado emocional.

São várias as perturbações alimentares como a anorexia ou a bulimia, nas quais a pessoa vive numa preocupação constante e exagerada com a alimentação, o exercício físico, o peso ou a forma do corpo.

Nestes casos o acompanhamento psicológico é muito útil no sentido de poder estabelecer uma relação mais harmoniosa consigo, com o seu corpo, e com os outros. 

Fonte: 1

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